quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Ferreira Leite e a sua Ditadura Comunista

É a segunda vez que vou dar uma ligeira roçadela em aspectos políticos aqui na Toca (no sentido que tem sido atribuído à palavra "política" em Portugal).

Realmente, existem aqui duas possibilidades: ou a política desce a um nível cada vez mais baixo ou cada vez tenho maior percepção dessa baixeza (como quando somos pequeninos e vemos, por exemplo, uma estátua perdida algures numa aldeia que nos parece enorme, mas depois, ao revisitar o lugar passado alguns anos, parece tão pequena...). Uma coisa é certa: o modo como se tem feito política é ignóbil!

Gastam-se milhões em campanhas que em nada contribuem para melhorar o país e que em nada informam os portugueses, servindo apenas para propagandear aquilo que todos querem ouvir: baixar todos os impostos, subir todos os ordenados, subir o salário mínimo nacional, aumentar os subsídios e apoios, yada, yada... Claro, é clássico. Como se diz vulgarmente com aquele tom de descrédito, impossível de reproduzir aqui: "Promessas, promessas...". Contradições descaradas que são vis, principalmente quando atiradas à populaça, que se lhes agarra com unhas e dentes, em esperanças vãs que acabam sempre destruídas.

Mas a principal motivação que me leva a escrever este post, resulta essencialmente da minha mesquinhez reconhecida de desejar fazer escárnio de Manuela Ferreira Leite. Claro que quando é a própria que me oferece ingredientes para isso, tenho um prazer especial em colmatar esse apetite e sinto-me deleitada perante semelhante acepipe que é, nem mais nem menos, que a seguinte equação baseada em duas citações desta senhora:

"Não sei se não era bom seis meses sem democracia" (1) - de onde se pode inferir: ditadura
+
"Façam política com as pessoas" (2)
=
Ditadura Comunista???

Ora bem, das duas uma: Ou a senhora não sabe no que acredita e cai em contradições, tornando ainda mais grave a sua candidatura ao governo (antes um político um pouco corrupto convicto das suas ideias - verdadeira definição de Sócrates, para mim...) ou então se calhar decidiu passar para uma frente de extrema esquerda e esqueceu-se de avisar o país...

(1) Jornal de Notícias aqui (também não é o meu jornal preferido, mas...)
(2) Outdoor de Campanha Eleitoral sobejamente conhecido, aqui

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

"Como nunca vi..."

Apesar da escassez desse recurso tão importante que é o tempo, não posso deixar de comentar, aqui na Toca, a minha indignação perante o programa que a SIC está a apresentar neste momento. “Como nunca os viu”, é o título desse verdadeiro escarro televisivo. A tendência que a comunicação social tem para se imiscuir na vida pessoal dos políticos, é um monstro que tem desenvolvido cada vez mais, e mais poderosos, tentáculos, sempre na esperança de violar a privacidade dos candidatos eleitorais. O assunto não é novo, contudo, deixa-me ouriçada cada vez que surge, merecendo pois um breve registo.

Liguei a televisão numa necessidade premente de uma breve pausa e no meio de um zapping infundado encontrei ocasionalmente Francisco Louçã. Rapidamente me apercebi que se encontrava em sua casa. Arregalei então os olhos ante as maléficas ventosas das questões colocadas, que eram de um “cor-de-rosa” demasiado fluorescente para os meus ouvidos. Certa parte deste diálogo tentacular foi qualquer coisa como:

“- O Francisco Louçã chora?

- Sim, choro, em algumas situações como a morte de familiares, por exemplo.

- E com histórias de amor? Chora?

- Sim, algumas histórias de amor podem fazer-me chorar. Por exemplo, o ET é um filme extremamente romântico.”

Então entre tantas questões que seriam relevantes em vésperas de eleições, numa perspectiva política ou profissional (só isso faria sentido), A COMUNICAÇÃO SOCIAL OCUPA-SE DOS ROMANCES DOS POLÍTICOS?

Ah, claro! Isso é que é importante! É o que mais sobe as audiências, excelentes jornalistas… E o pior é que há uma imensidão de público sedento deste tipo de informação, que alimenta as suas vidas com os dejectos radioactivos deste monstro, transformando-se numa massa abjecta cada vez menos racional. Mais um pouco e, num acesso de irracionalidade primária, poderíamos ter um sistema eleitoral baseado na dimensão do falo dos candidatos… O que na verdade, no presente caso até poderia ser positivo, pois digamos que colocaria Manuela Ferreira Leite em sérias dificuldades… Penso eu!

Valeu no programa, o facto de o Francisco Louçã ter uma enorme destreza mental que lhe permitiu esquivar-se habilmente às ventosas das questões colocadas.

Bem, como o assunto não merece nem mais um segundo da minha atenção (e os meus picos já não estão tão eriçados), encerro-o de imediato.