segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

De guerra e terrorismo

Quando publiquei o meu último post em 2010 (ainda antes do renascimento deste blog), falava de uma guerra travada por indicadores económicos. Tal verifica-se, sim, mas não só. Nos últimos anos, creio que, a guerra não só não se extinguiu (como a certa altura cheguei a pensar que ia acontecer), como alastrou. Tome-se como exemplo, o caso mais recente da Síria, onde tantas vidas de civis se têm perdido ou estão ameaçadas. Esta situação injusta e insana tem estado a decorrer e tenho dificuldade em compreender com clareza a origem do conflito. Sei que decorre devido à tentativa de formação do chamado estado islâmico (designação pouco precisa a meu ver, mas enfim) e sei que o mundo ocidental não está livre de culpas destes acontecimentos. Recentemente, ataques têm surgido na Europa, e sinto-os próximos. Principalmente dois deles que passo a descrever.

Um dos ataques decorreu em Bruxelas, no dia 22 de Março de 2016. No dia anterior tinha-me deslocado a essa cidade que sempre me tratou bem, com o propósito de fazer uma apresentação na Comissão Europeia. O meu voo de regresso estava marcado para uma hora algures entre o final da tarde e o inicio da noite. Mal cheguei ao aeroporto, tive uma estranha sensação de ‘algo se vai passar’: havia demasiados seguranças e militares. Lembro-me de me ter sentido particularmente impressionada por ver um militar com uma AK47 (ou arma que o valha – de armas percebo muito pouco, felizmente) nas escadas rolantes, onde estavam crianças a correr. Não sei se terei pensado ou mesmo dito em voz alta para a colega que me acompanhava, que me chocava ver assim a polícia com armas deste calibre entre multidões. Havia atrasos muito significativos em todos os vos e o meu não foi exceção. Creio que foi o ultimo a descolar naquela noite. Chegada a casa de madrugada, cansada, decidi que como não teria reuniões de manhã, dormiria até mais tarde. Desliguei o telemóvel e dormi um merecido sono de descanso. Quando acordei, mensagens preocupadas inundavam o meu telemóvel. Foi quando fiquei a saber dos ataques de dois bombistas coordenados que tinham decorrido no aeroporto Zaventem (de onde o meu avião partiu) e na estação de Maalbeek (exatamente a estação de onde onde tinha saído). Foi estranhíssimo ter tantas pessoas a dizerem “só espero que estejas bem”, assim como quem diz, “espero que estejas viva”. E também eu enviei emails a colegas – alguns ainda estavam em Bruxelas, felizmente todos bem.

O outro foi o ataque que decorreu em Dezembro de 2016, em Berlim. Um camião entrou num Mercado de Natal da cidade provocando diversos mortos e feridos. Este ataque ocorreu precisamente um dia depois de eu ter voado para Portugal para passar o Natal com a minha família. Um amigo meu, jornalista, enviou fotografias do camião.
Parece que ando a fugir destas situações, de facto, tenho sido afortunada. Infelizmente, nem todos têm tido a mesma sorte.

Veremos o que se irá passar no mundo nos próximos tempos.

O Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos – de bradar aos céus, se lá estivesse alguém que pudesse ajudar... Enfim, veremos agora no que isso se irá traduzir também. Um homem que tem o objetivo de construir um muro entre os Estados Unidos e o México, não augura nada de bom para o mundo.

Por outro lado, também na Europa, têm vindo a proliferar o nacionalismo e o protecionismo. No caso do Reino Unido, este ‘desuniu-se’ da Europa. No caso de outros países há movimentos, como o de Marine Le Pen em França e do AfD (Alternative für Deutschland) na Alemanha, por exemplo. Creio que o sucesso destes movimentos deve-se em parte a falhas das esquerdas europeias, mas também porque existe um medo, ainda que por vezes inconsciente, do desconhecido e a entrada de emigrantes ilegais e refugiados em combinação com os ataques terroristas que se têm verificado, levam as pessoas a alimentar iniciativas que prometem protege-las. A questão é que na grande maioria das vezes, os emigrantes são apenas civis como nós, que simplesmente se viram obrigados a deixar o seu país devido aos conflitos que agora lá se vivem.
O mundo ocidental está fracionado e fragilizado.

Esperemos que apesar de tudo possa haver racionalidade suficiente que permita manter a união, evitar mais conflitos e estancar os existentes.